Testamos o Volvo EX30 em parceria com o Volta Rápida. Confira o que nós achamos desse modelo!
Quando paramos para analisar as montadoras que atuam no mercado automotivo, precisamos pensar nas duas categorias em que elas podem se classificar: generalistas ou de luxo.
As marcas generalistas são as que costumam focar em volume de vendas, apostando em produtos mais baratos e/ou até mesmo considerados populares, pensados para entregar um mínimo de conforto em mobilidade aliado a um baixo custo de propriedade na forma de manutenção barata, menor consumo de combustível, entre outros fatores.
As marcas de luxo, também conhecidas como marcas premium, atuam na outra ponta do espectro, projetando veículos de alto valor agregado que focam em tecnologia embarcada, acabamento meticuloso e desempenho acima da média.
Essa divisão costuma ser bem clara e rígida, mas, nos últimos anos, foi possível perceber o começo de uma mudança de paradigma.
Montadoras generalistas lançam produtos de pegada premium, de olho em um público de maior poder aquisitivo e veículos que dão mais lucro, enquanto fabricantes do segmento de luxo lançam carros mais baratos, que prometem ter índices maiores de vendas sem abrir mão do bom retorno a cada unidade vendida.
Recentemente, a Volvo deu sua maior cartada nesse sentido até hoje (pelo menos para o mercado brasileiro) na forma do inédito EX30, um SUV compacto 100% elétrico que promete dobrar a participação da sueca no cenário automotivo brasileiro.

O EX30 é o segundo produto da nova filosofia global da Volvo!
É o primeiro dessa nova estratégia para o mercado brasileiro, colocando a empresa em um segmento que ela nunca atuou por aqui e com uma precificação que o faz bater de frente diretamente com modelos maiores de marcas generalistas, tanto com motores a combustão quanto híbridos.
A fim de conhecer a novidade de perto e analisar como seus atributos positivos e negativos se manifestam no uso, nossos amigos do Volta Rápida foram até São Paulo (SP) para um test-drive de pouco mais de 300 km por trechos urbanos e rodoviários, visando cobrir ambos os cenários de condução da grande maioria dos brasileiros.
Inicialmente, o EX30 será oferecido em três versões e quatro configurações!
Começando pela variante de entrada Core que custa R$ 229.950 e traz bateria de 51kWh, capaz de proporcionar até 250km de autonomia segundo o INMETRO.
Ela também está disponível na configuração Extended Range que adota uma bateria maior, de 69 kWh, capaz de garantir até 338 km (novamente segundo o instituto) ao preço de R$ 249.950.
Acima da Core se encontra a intermediária Plus por R$ 277.950 e, por fim, a top de linha Ultra por R$ 293.950, ambas munidas da bateria de maior capacidade.
A motorização é a mesma em todos os casos, composta por um motor elétrico montado no eixo traseiro que entrega até 272 cv e 35 kgfm de potência e torque máximos.

O EX30 é o menor e mais barato modelo do portfólio atual da Volvo no mercado brasileiro.
Suas principais medidas são: 1,55 m de altura, 4,23 m de comprimento, 2,65 m de entre-eixos e 1,83 m de largura – para fins de comparação, um Volkswagen T-Cross mede 1,56 m de altura, 4,19 m de comprimento, 2,65 m de entre-eixos e 1,76 m de largura.
Seus principais rivais em porte, preço e proposta incluem nomes como o Renault Megane E-Tech (que já avaliamos), BYD Yuan Plus e Peugeot e-2008.
Falando de tecnologia embarcada, a versão de entrada Core já traz diversos recursos!
Dentre eles:
- Faróis Full LED com ajuste elétrico de altura;
- Ar-condicionado digital automático;
- Chave presencial tipo cartão NFC;
- Seis airbags, câmera de ré;
- Lanternas totalmente em LEDs com função de luz de neblina;
- Sistema de som por soundbar;
- Central multimídia vertical de 12,3 polegadas;
- Sensores crepuscular e de chuva.
A intermediária Plus acrescenta itens como:
- Iluminação ambiente customizável;
- Soundbar assinado pela Harman Kardon;
- Ar-condicionado de duas zonas;
- Retrovisores interno e externo esquerdo fotocrômicos;
- Sensores dianteiros e traseiros de estacionamento;
- Carregador de smartphones por indução.
A top de linha Ultra, por sua vez, acrescenta:
- Bancos dianteiros com ajustes elétricos;
- Teto panorâmico em vidro fixo com proteção UV;
- Medidor de qualidade do ar atmosférico;
- Câmeras de estacionamento em 360º com visão 3D.
Todas as configurações trazem um pacote completo de assistências de segurança.
Esse pacote inclui:
- Piloto automático adaptativo (ACC);
- Assistente de frenagem autônoma de emergência;
- Alerta de saída segura dos passageiros;
- Farol alto automático;
- Assistente de permanência em faixa com correção de direção;
- Leitor de placas de velocidade;
- Monitoramento de tráfego cruzado frontal e traseiro;
- Monitoramento de pontos cegos;
- Atenuação de colisão frontal;
- Desvio autônomo de pedestres e ciclistas;
- Monitor de atenção do motorista.
Um fato curioso é que todas as versões trazem calotas aerodinâmicas, sendo de 18 polegadas na variante Core, 19 polegadas na intermediária Plus e 20 polegadas na top de linha Ultra, todas com acabamento simulando rodas diamantadas com a parte interna em preto brilhante, pensadas para otimizar o fluxo de ar e melhorar a autonomia.

O primeiro contato com o Volvo EX30 surpreende positivamente.
Apesar de ser consideravelmente menor do que os outros SUVs, ele não nega o DNA da marca e mostra os atributos típicos de produtos premium através dos elementos óticos totalmente em LED, os grandes aros de 18 até 20 polegadas e, no caso das versões mais caras, o teto sempre em preto contrastante com o resto da carroceria – que pode ser finalizada em uma de cinco cores diferentes, todas sem custo adicional.
A dianteira é quase que inteiramente fechada, trazendo mínimas aberturas nas laterais do para-choque (para os freios dianteiros) e ao centro (para o arrefecimento do sistema elétrico), deixando claro se tratar de um produto 100% elétrico. Para nosso test-drive, optamos pela versão Ultra.
Por dentro, o EX30 agrada pelo bom padrão de acabamento e choca pelas soluções inusitadas.
Não há um painel de instrumentos convencional atrás do volante; ele se encontra no topo da tela da central multimídia e fica ali permanentemente, deixando apenas o sensor de atenção do motorista no topo da coluna de direção.

As quatro portas não trazem botões ou comandos de nenhum tipo; os controles dos vidros ficam reunidos no console central, bem como os acionadores das travas e destravas de portas que ficam à frente do apoio dianteiro de braço.
Para apagar/acender os faróis e ajustar os espelhos retrovisores, é necessário recorrer aos menus de configuração da central multimídia, sendo que o controle da posição dos espelhos é feito pelos próprios botões do volante assim que a função de ajuste é ativada na central.
À esquerda do volante se posiciona a alavanca de farol alto, setas direcionais e limpadores de vidros, enquanto a alavanca da direita é o seletor de marchas.

A chave por cartão com tecnologia NFC é outro elemento inusitado, precisando ser encostada na coluna B para travar/destravar o carro por fora e estar acomodada na região do carregador por indução na parte inferior do console central para que o carro possa ser ligado.
Também não há botão de partida; com a chave-cartão posicionada no local certo, basta pisar no freio e colocar o câmbio em D ou R, solução introduzida com o XC40 elétrico.
São tantas inovações que, em um primeiro momento, leva-se tempo para entender o funcionamento de tudo, a fim de que o Volvo EX30 possa ser conduzido com segurança e máxima eficiência.
Saiba mais sobre o Volvo EX30 neste vídeo:
Nas ruas, o EX30 mostra muita tranquilidade e suavidade.
Ele não realiza o famoso “creeping” dos carros automáticos quando se tira o pé do freio: é preciso pisar no acelerador para iniciar o movimento. Também não há como escolher entre modos de condução, o que significa que o único dosador do desempenho do carro é o pé do condutor.
A única coisa que você pode optar por utilizar é o sistema One Pedal Drive que, quando ativado, permite que o Volvo seja dirigido somente com o pedal do acelerador que faz o carro andar quando pressionado, ou parar quando aliviado.
De maneira geral, o SUV elétrico se move com fluidez e leveza, mostrando um ótimo acerto de suspensão mesmo com os aros de 20 polegadas passando em defeitos mais proeminentes na pista.
No uso rodoviário, os 272 cv e 35 kgfm entregues pelo motor traseiro parecem até mais. São números consideravelmente maiores que os dos rivais diretos e conferem um desempenho bastante animador ao EX30.
Sobra disposição para se fazer qualquer coisa mesmo com o carro cheio e a altas velocidades, posicionando o sueco como uma das melhores opções para quem prioriza esse tópico.
O espaço interno é um dos grandes pontos fracos do pequeno desse SUV sueco.
O espaço é bom para dois adultos e duas crianças, mas quatro adultos já podem começar a sentir desconforto, principalmente se forem mais altos do que 1,70 m.
Com um motorista mais alto na frente, o espaço para as pernas de quem vai atrás é bastante limitado e nem o espaço para bagagens compensa, pois são apenas 318 litros de capacidade.
Algumas das ideias inovadoras mostraram que dão certo na prática como, por exemplo, o soundbar que é composto por uma guia de alto-falantes localizados unicamente na parte frontal da cabine, na base do para-brisa, e que tem a missão de distribuir a música por todo o habitáculo.
Os controles dos bancos elétricos fogem do convencional, se apresentando como pequenos joysticks quadrados com um botão central para alternar o tipo de ajuste.
Já a ausência de um painel convencional de instrumentos incomodou, bem como o fato de se reunir tanto “poder” na tela da central multimídia; controles convencionais para operar o ar-condicionado, os retrovisores e as luzes são mais intuitivos e simplificam a vida do motorista.
Se houver qualquer falha de software que dificulte ou impeça o uso da central multimídia, sua única opção é acionar o socorro da Volvo pelo comando SOS no console de teto.
Resumindo, o contato inicial com o novo Volvo EX30 foi positivo e surpreendeu em vários pontos, porém, deixou alguns questionamentos sobre a eficácia de certas soluções que, em um primeiro momento, parecem mais complicar a vida do que ajudar.
O fato é que, mediante as características e os preços de tabela atuais, o novo SUV compacto 100% elétrico tem potencial para ser um sucesso e atender as expectativas da marca de dobrar sua participação no mercado brasileiro.
Concorrentes diretos
- Renault Megane E-Tech
- BYD Yuan Plus
- Volkswagen ID.4 Pro Performance
- Peugeot e-2008
- Hyundai Kona Electric